23 julho 2005

Letras

Em uma entrevista para a TV, perguntaram pro Ariano Suassuna (O Auto da Compadecida) se era melhor escrever textos para teatro, roteiros de cinema ou livros. Ele respondeu que, para montar uma peça, precisa de atores, figurinos, cenários, ensaios; para fazer um filme, de pelo menos um milhão de reais. Agora, com uma caneta e uma resma de papel já dá pra escrever um livro.
Com música, é mais ou menos a mesma coisa. Uma canção nasce naturalmente, pela letra ou pela melodia. Mas depois tem que ir pro violão, pesquisar a harmonia, achar o tom, definir o ritmo, criar o arranjo, ensaiar, cuidar da voz, lixar as unhas, afinar o violão, pagar estúdio, gravar, mixar, editar...
Talvez seja por isso que guardo letras que até hoje não viraram música. Essa foi escrita em 1994, e nem nome tem:

Desde pequenina
Brilho natural
Bem de manhãzinha
Rindo no quintal

Quentura na pele
Tomada de sol
O amor que floresce
Um carinho afinal

Depois, mais esperta
Em casa sossega
A vaidade se aperta
Que a cria já vem

Frutinhos descalços
Do ventre de alguém
Se crescem, dispersam
Saudades também